Alejandra Pizarnik

Já não me lembro da última vez que escrevi. Não me apetece chorar nem oferecer os pulsos à melancolia quando ouço certas e determinadas músicas. Muito menos quero ler os poemas tantas vezes sublinhados, nem mesmo aquelas páginas discretamente dobradas aos cantos, a lembrar as eternas marcas nesses livros proibidos. É que ainda assim, depois de todos os esforços, continuo a achar as pessoas magoadas mais bonitas e autênticas: têm sempre muitas vidas para contar. Acabei - agora - de fazer notar mais um fracasso universal. Se calhar a única verdade é esta: i hate sleeping alone. Vês? Aqui se mostra a nossa triste transparência. Não precisamos de espelhos sequer. A ferida faz-nos olhar em frente à procura de uma cura em sítio incerto. E quem não percebe isso nunca poderá atravessar comigo aquela ponte. A que me leva ao meu lado mais feliz.

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