William Shakespeare

           Dos astros não retiro entendimento
           Embora eu tenha cá de astronomia,
          Mas não para prever a sorte, o intento,
          Das estações, ou fome, ou epidemia;

          Nem sei dizer o que será do instante,
          Prever a alguém quer chuva, ou vento, ou raio;
         Se tudo há de sorrir ao governante
         Segundo as predições que aos céus extraio.

         De teus olhos provêm meus atributos
         E, astros constantes, leio ali tal arte:
        ‘Que a verdade e a beleza darão frutos
         Se em ti deixas de tanto reservar-te’.

         Ou um vaticínio sobre te revelo:
         Teu fim põe termo ao verdadeiro e ao belo.

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